22 dezembro 2011

NO 2011 - Parte 2

Fleet Foxes - Helplessness Blues

A minha ligação aos Fleet Foxes começou no segundo EP, primeiro numa "major", neste caso a mítica Subpop, tendo depois sido também contratados pela Bella Union (especializada no folk e derivados, que este ano teve a brilhante ideia de reeditar em vinil, para todo o Mundo, as pérolas "Guitarra Portuguesa" e "Movimento Perpétuo" do Mestre Carlos Paredes).
Chamava-se "Sun Giant" (2008) e revelava uma banda que parecia transportada por um Delorean directamente do tempo dos trovadores para o meu mp3.
Sucediam-se os falsetes e as harmonizações, completamente desligados de qualquer moda ou tendência musical. Evocavam algo único e arrepiante nestes tempos em que o imediato e o opulento governam.
O campo, a montanha, a neblina invernal, paisagens imensas de um verde luxuriante...A Natureza em estado puro, sem artifícios.Letras e vozes apontando um Mundo de outros tempos, um folk bucólico que os 60 do século passado esconderam e deixaram morrer.
Seguiu-se o primeiro álbum homónimo, em que a promessa se cumpria, com uma produção mais cuidada e objectiva e os louvores mundiais não tardaram perante tamanha qualidade e consistência.
Em Maio deste ano, após numerosas reformulações e um álbum já concluído em estúdio simplesmente descartado, é mostrada ao Mundo a obra-prima destes Srs..
Com a segurança de terem concluído o melhor álbum que poderiam ter feito, guiados de forma quase obssessiva por Pecknold, os Fleet Foxes de "Helplessness Blues" deixam para trás a capa de trovadores bucólicos e mergulham fundo na alma humana, nos amores e desamores, nas ilusões e desilusões com que a vida inevitavelmente nos confronta.
O resultado é um álbum intenso, íntimo, quase confessional, embora sempre protegido pela conveniente metáfora impessoal, evitando a transparência total para que cada um se reveja em cada nota e palavra.
No processo voraz de conclusão deste colosso, Pecknold perdeu a namorada, afastou-se dos amigos e quase se desfez a banda que tanto felicidade lhe vinha dando.
Tudo isso serviu de "combustivel" que inteligentemente canalizou para a sua arte.
Hoje a banda e os amigos são inseparáveis, talvez mais do que nunca.
Casey Wescott juntou-se à matilha. Multi-instrumentista, trouxe à música dos Foxes a riqueza e a frescura que as canções novas pediam.
A namorada, provavelmente perante a prova de amor que um álbum destes demonstra a quem quiser ver, voltou ao seus braços.   
Pecknold jogou "all in".
E ganhou.
Bom para ele.
Melhor para nós.

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