19 janeiro 2012

NO 2011 Parte 5

Brad Mehldau-Live in Marciac (2011)

Dificilmente se consegue escrever de forma clara e imparcial quando discorremos acerca de ídolos, porque os sentimentos naturalmente abalroam qualquer ínfima possibilidade de distanciamento crítico.
Tal sucede comigo quando o assunto é Brad Mehldau.
Completo é o adjectivo que me ocorre quando penso na sua carreira e no seu talento.
Um fraseado versátil, sempre personalizado e inconfundível, um repertório quase temerário, bem para além dos standards do Great American Songbook,, que se estende desde a mpb ao pop, ao rock e à chanson française, onde o ponto comum é simplesmente a excelência e uma técnica prodigiosa, chegando frequentemente a sentir-se que toca a 4 mãos e domina simultâneamente dois pianos. 
A influência dos seus estudos de música clássica desde cedo não será alheia a esta integridade artística e a sua criatividade, aliada à forma como todos os formatos da canção naturalmente fluem em cada peça, fazem dele um génio singular.
Assisti a pelo menos 4 concertos seus em terras lusas e nunca dei o meu tempo/dinheiro por perdidos, confirmando em todas as ocasiões tudo o que aqui descrevo.
Este álbum é precisamente no mesmo formato.
Gravado em Agosto de 2006 e editado no ano passado pela Nonesuch, este álbum duplo acompanhado de dvd vem apenas confirmar o que muitos já sabem e poucos têm a coragem de assumir: Mehldau é o melhor pianista de jazz da actualidade e um dos músicos que mais profundamente marcou a história recente da Música, tal como noutros tempos o fizeram Miles, Coltrane ou Jarrett. 
Por aqui passam alguns dos melhores momentos da sua carreira num concerto a todos os títulos memorável. Mehldau em topo de forma fecha os olhos e mostra-nos tudo aquilo de que é capaz, entre originais, standards e clássicos do pop e folk optimizados pela sua leitura.
A cada nota parece querer demonstrar-nos que o jazz pela sua voz, está bem vivo e vem para ficar.
A nós, comuns mortais, resta-nos contemplar e humildes, agradecer a nova prenda que nos deixa.



2 comentários:

Mistral disse...

Musiquinha boa d`" A minha ilha" a fazer-me companhia nas noitadas de trabalho? like.

Me, Myself and I disse...

é maravilhoso este cd.
mas o live in tokyo é o melhor dele.